Archive for outubro, 2011


Este é um artigo que escrevi sobre a singularidade tecnológica, sem relação com a série “Linha de Mundo”, publicado aqui como interlúdio – ou seja, uma atração separada da obra principal, apresentada em um intervalo entre duas partes.

O Despertar da Humanidade – arquivo para download (formato A4, próprio para impressão)

O Despertar da Humanidade – arquivo para download (formato A5, próprio para e-book)

 

O DESPERTAR DA HUMANIDADE

por Fernando H. F. Sacchetto – 12/01/2011

  

É o fim do mundo!

 

Um dos passatempos favoritos da humanidade é fazer profecias sobre o fim do mundo. Desde que o mundo existe, ele sempre esteve prestes a acabar. Qualquer data redonda (ano 2000, fim do calendário maia em 2012) ou acontecimento fora do comum é motivo para anunciar o apocalipse, principalmente se a data prevista estiver razoavelmente próxima do momento da previsão (mas com alguns anos de folga, pra gente poder aproveitar, se preparar, ganhar dinheiro vendendo lotes no céu, etc.). Claro, ainda estamos vivos, o mundo não pegou fogo, a terra não se abriu, as estrelas não caíram, e o planeta Terra ainda gira como sempre fez há bilhões de anos.

Ainda assim, de certa forma, as profecias são verdadeiras. O mundo vai, sim, acabar. Mesmo porque isso não seria novidade nenhuma.

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A Clavícula de Salomão – Epílogo – arquivo para download (formato A4, próprio para impressão)

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A CLAVÍCULA DE SALOMÃO (epílogo)

por Fernando H. F. Sacchetto – 21/10/2011

Acordei com um tranco. Eu estava em um ônibus mal-cheiroso. Olhei pela janela; o lugar era desconhecido. Tentei recapitular os eventos que me levaram àquela situação, mas uma dor de cabeça lancinante dificultava minha concentração. Imagens indistintas passavam rapidamente pela minha mente: um local escuro, um cheiro forte de ervas, várias pessoas passando pra lá e pra cá por cima de mim. Febre e dor.

Decidi avaliar melhor meu estado atual. Olhei para baixo, e vi que estava sujo, desgrenhado, com as roupas um pouco rasgadas. Percebi que a maior parte do fedor que eu sentia devia vir de mim mesmo. Minha boca estava seca, com um gosto amargo, e praticamente todo o meu corpo doía. Me espreguicei e me esfreguei um pouco; não parecia estar ferido, ao menos não gravemente. Entretanto, vi marcas nos pulsos e tornozelos, como se tivesse sido amarrado, bem como manchas de sangue que não parecia ser meu, pois eu não tinha ferimentos que as explicassem. Fui sequestrado, pensei. Verifiquei os bolsos, e vi que nada tinha sido roubado, nem mesmo o dinheiro da minha carteira. Estranho pra caramba. Meu celular estava desligado; quando o liguei, percebi que já era quarta-feira, mais de quatro da tarde. Haviam se passado mais de vinte e duas horas desde minha última lembrança, no sebo de Orígenes.

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A Clavícula de Salomão – parte 5 – arquivo para download (formato A4, próprio para impressão)

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A CLAVÍCULA DE SALOMÃO (parte V)

por Fernando H. F. Sacchetto – 16/10/2011

“Fico feliz de ouvir isso tudo de você.” Alfredo se debruçava sobre seu prato quase intacto. “Não pelo acontecido, claro, que me preocupa… mas por você ter finalmente decidido compartilhar tudo isso comigo. Antes que fosse tarde demais.”

Mexi lentamente as fatias de manga de meu prato, que também pouco havia sido tocado. “Sei lá… antes eu tava achando meio nada a ver contar essas coisas… parecia história de doido, sabe?” Soltei um riso desajeitado. “Mas agora, depois desses últimos dias, tá parecendo mó bobeira, essa preocupação.”

“Não há motivos para tanto. Todos nós sabíamos onde você estava se metendo. Claro, o resultado não podia ser previsto… mas não foi de todo surpreendente.”

“Tá brincando? Não foi surpreendente? Aquela… coisa que eu vi lá embaixo, e que me fez pirar desse jeito?”

“Ó homem-bule, há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia… ou mesmo ciência.”

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A Clavícula de Salomão – parte 4 – arquivo para download (formato A4, próprio para impressão)

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A CLAVÍCULA DE SALOMÃO (parte IV)

por Fernando H. F. Sacchetto – 08/10/2011

Os dias seguintes se passaram como um sonho.

O domingo mal foi registrado em minha memória. Lembro de acordar em casa, vestido com minhas próprias roupas (ao invés do manto negro), pouco antes do meio-dia. Não fazia a menor ideia de como havia chegado lá, mas concluí mais tarde que devo ter voltado por conta própria, pois meu carro estava na rua, em frente ao meu prédio, e a chave foi encontrada em meu bolso. Entretanto, não tinha qualquer memória de dirigir de volta – minha última lembrança antes de acordar fora o estranho encontro no porão do sebo.

Havia algo de importante que eu ficara sabendo lá… algo que eu provavelmente deveria escrever em algum lugar, antes que me esquecesse… se eu conseguisse me concentrar o suficiente para isso. Entretanto, me sentia em uma espécie de ressaca – era como se minha cabeça estivesse dentro de um aquário. Eu não conseguia manter a atenção por mais do que alguns segundos, ou mesmo fixar o olhar em um ponto específico. Passei o dia olhando para a televisão, sem compreender nada do que estava passando, parando às vezes para comer restos frios da geladeira.
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A Clavícula de Salomão – parte 3 – arquivo para download (formato A4, próprio para impressão)

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A CLAVÍCULA DE SALOMÃO (parte III)

por Fernando H. F. Sacchetto – 28/09/2011

“E então?” Djalma olhava para mim ansiosamente.

Encolhi os ombros. “Ué, então nada. Todo mundo levantou, como eu disse, e eu fui pra casa.”

“Mas e aí?” Meu colega insistia. Ele era pouco mais jovem que eu, mas o brilho em seus olhos o fazia parecer uma criança. “Os caras são sinistros mesmo? Você viu alguma coisa doida de ocultismo?”

“Pô, cara, tô dizendo, eu fui embora logo em seguida. Ainda não deu tempo de ver nada. Quem sabe amanhã… pelo que o cara falou, deve ter algum tipo de ritual, sei lá.”

“E esse negócio que você falou? Cara, como que você sabia o que era pra falar?”

Lancei um olhar para nosso amigo Alfredo. “Faça o que quiser, essa será toda a lei,” ele disse. “Aleister Crowley. É o lema da Thelema, movimento místico criado por ele. Reflete o tema central da imposição da vontade sobre a realidade, que era o que ele compreendia por magia. Pra quem conhece o tema, é praticamente a porta de entrada.”

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